free as a weird

sábado, junho 03, 2006

Pra abrir a segunda Copa do blog, daqui até sexta vou fazer um geral de expectativas/comentários grupo à grupo das seleções. Em 2002 o mais marcante foram os chutes pros jogos, com direito aos mais absurdos tipo Alemanha 1 x 1 Arábia, com no jogo de fato a Alemanha metendo 8 (Klose quase foi artilheiro da Copa por conta desse jogo).

Grupo A

Alemanha

Depois dos últimos conturbados anos, a seleção que entra com a obrigação de não ser a primeira sede que fica na primeira fase, parece ter encontrado um caminho. Vi ontem o amistoso contra a Colombia, e é inegável que o time evoluiu muito em relação a Copa das Confederações no ano passado. O time já possui um esquema fechado, seus homens de confiança, aprendeu a usar a bola parada como arma. O maior defeito é curiosamente a defesa, antes um ponto forte dos alemães. Ainda ganharam o alento do destino na contusão do zagueiro Huth, um págua que é sparring dos atacantes do Chelsea (Mourinho não é louco de pôr ele em campo), famoso por aqui por ter nos salvado com aquele pênalti comédia no Adriano nas Confedarações ano passado. Ainda assim, a defesa dos alemães é feita de Lehmann fazendo milagres e deu. Do meio pra frente o time parece mais acertado, tem alguns jogadores bons no banco, tem só um craque de verdade (Schweinsteiger, bate na bola como poucos no mundo) e outro de mentira (Ballack), mas tem muitos jogadores esforçados. O ataque é inconstante e irregular, o próprio Klinsmann até hoje não tem certeza de qual a melhor dupla, mas figuras como Asamoah e Klose já maturaram bastante desde a Copa de 2002, quando jogaram ainda muito jovens. Tem ainda o Podolski que tem um bom chute (falta calibrar), Hanke (clássico trombador)... Opções não faltam.


Costa Rica

Nunca tiveram tanta chance quanto esse ano de surpreender e passar de fase num grupo muito fraco, mas o time parece mediocre demais até pra isso. Se Trinidad & Tobago (e em 98 a Jamaica) chegaram a Copa, dá pra se ter uma noção das eliminatórias da Concacaf. Levaram um pau da Ucrania (4 a 1) e perderam pra Rep. Checa (2 a 0), na última semana de amistosos, e pra completar caiu no conto que muita gente temia que o Brasil pudesse sofrer enfrentando uma seleção regional, perdendo e entrando numa crise. O técnico brasileiro Alexandre Guimarães, idolo por lá, disse que não entendia como os jogadores poderiam estar perdendo uma chance tão grande como numa Copa. Nesse clima parece mais provável três derrotas do que um segundo lugar no grupo, mesmo com o nível dos outros times.


Polônia

Fez uma ótima campanha nas eliminatórias européias, mas sofreu péssimos resultados em amistosos neste ano, culminando numa crise interna depois do frangasso eterno que levaram num amistoso com a Colombia no começo da semana (gol de goleiro dando um chutão que atravessou o campo e encobriu o goleiro polonês). A equipe parece apenas reafirmar que a estrutura dos grupos das eliminatória européias precisam ser repensadas, já que equipes mediana pra ruim como a da Polonia passam direto pra Copa, e duas equipes com potencial como Suiça e Turquia se degladiam na repescagem. É outro time que começa a disputa do grupo desestruturado emocionalmente, nada que uma vitória na estréia não possa mudar.


Equador

Ganhando de todo mundo em casa nas eliminatórias o Equador vai repetindo idas a Copa, mas não tem um time mediocre, do contrário não teria arrancado um empate com o Brasil aqui na nossa casa. A equipe não tem um futebol muito ofensivo, o que seria o ideal pra tentar bater a Alemanha. Mesmo quando joga em casa vence seu jogo por poucos gols, mas aposta em Tenorio (que saiu puxando a perna num dos últimos amistosos mas deve jogar) e Delgado como seus salvadores. Tem uma chance e tanto de passar de fase, parece mais centrado que Costa Rica e Polonia, é um time entrosado e focado. Não deve fazer feio diante de ninguém, mas precisa ser mais ambicioso nos jogos se quiser passar de fase.

Em resumo: caiu do céu pra Alemanha, o time melhorando, o grupo fácil, importante pra ganhar confiança ir bem nos primeiros jogos. Se conseguir uma série boa e fechar com 9 pontos a primeira fase, vai estar no auge da confiança interna e externa (torcida) pra encarar um adversário mais difícil, possívelmente Suécia (ou quem sabe o Paraguai, mas acho difícil).

sexta-feira, junho 02, 2006

Depois do Top Cine, quem foi chutado do circuito dessa vez foi o Vitrine. Dono de salas cabulosas (a 3 é/era a morada do inferno), não da pra negar que lá foram vistos filmes especiais e vivido sessões homéricas, como a de O Sapato de Cetim no ano passado, sempre na Mostra. Já estamos especulando soluções possíveis pro Cakoff, como aumentar a participação do Arteplex e Espaço Unibanco, quem sabe do Reserva... Mas vai ser estranho a Mostra sem o Vitrine (que já tinha perdido o patrocinio da DirecTV ano passado). A razão oficial é a mesma do Top Cine: aluguel. Acho que minha última sessão por lá fora de Mostra foi em 2004, na sala 1 com umas 4 pessoas na sala... Não é fácil. Vi quarta o X-Men no Bristol, ou seja já um multiplex maior e tudo mais, sessão das 13h10, dia do ingresso mais barato... 6 pessoas na sala. Depois os malucos cobram R$5 por uma Coca 300ml, e a gente se assusta.

Olha, se não fosse mês de copa do mundo (o que signifca três jogos por dia + mesas redonda), eu apostava que no filmes do mês de junho eu voltaria ao normal, com média de pelo menos 1/dia. Mas bom, seguem aí os filmes de maio:

Atirem no Pianista, de François Truffaut - ****
Bad News Bears, de Richard Linklater - **
Little Manhattan, de Mark Levin - **
A Concepção, de José Eduardo Belmonte - **
Dillinger, de John Milius - **
The Ice Harvest, de Harold Ramis - ***
Missão: Impossível III, de J.J. Abrams - *
Waiting..., de Rob McKittrick - *
Eu, Você e Todos Nós, de Miranda July - ***
Fora de Rumo, de Mikael Håfström - *
Zim and Co, de Pierre Jolivet - **
Factotum, de Bent Hamer - **
O Homem Urso, de Werner Herzog - **
O Albergue, de Eli Roth - **
Caché, de Michael Haneke - *
Sky High, de Mike Mitchell - **
Just Friends, de Roger Kumble - *
Bande à Part, de Jean-Luc Godard - ****
C'etait un rendez-vous, de Claude Lelouch - *
O Espanta Tubarões, de Vicky Jenson, Bibo Bergeron & Rob Letterman - *
X-Men: O Confronto Final, de Brett Ratner - *

quinta-feira, junho 01, 2006

Girls will be boys, and boys will be girls?




Pra coroar uma semana que começou mal, com a passagem dessa pra uma melhor de um mestre absoluto em Shohei Imamura. Em níveis incomparáveis ainda tivemos Edmilson cortado, mas a benção na convocação de Mineiro, que pra ir pra Alemanha em alto estilo ajudou o tricolor a bater o Fluminense na última noite e assumir pela primeira vez a liderança do Brasileirão.

segunda-feira, maio 29, 2006

São Paulo, segunda-feira, 15 de maio de 2006. 19h. Cidade parada. O comércio fechado. As pessoas assustadas. Silêncio impera, salvo as inúmeras sirenes que não parecem parar de tocar. Enquanto isso, numa resistência boêmica (putz) no Sujinho:

SUJINHO - 15/05/2006

Tava pensando aqui, talvez muitos já tenham pensado isso, mas como não li em local algum, vi valor em comentar.

Dois anos atrás, Quentin Tarantino foi presidente do júri no festival de Cannes. Muito se falou, muito se aguardou, muitos se frustraram com o que o júri que presidiu elegeu como digno da Palma de Ouro, o Fahrenheit 911.

Tanto pq muitos não suportam Michael Moore, mas também pq muitos não vinham qualquer ligação entre Quentin e Moore - a parte a Miramax, o que levou a lenda de que foi um pedido dos produtores de Tarantino a Palma. O fato é que, mais do que verem muita ligação, todos sabem que Tarantino é fã de carteirinha de Wong Kar-Wai. Foi o responsável por disponibilizar nos EUA o Amores Expressos, entre outras coisas.

Naquele ano, 2046 competia. 2046 dançou, sem nenhum sinal de compaixão do júri.

Agora, 2006, é a vez de Wong presidir o júri em Cannes. Ao invés de um cineasta que seja sabido ser admirado por ele, quem compete é uma cineasta que já proclamou seu amor à obra de Wong Kar-Wai: Sofia Coppola, com seu Marie-Antoinette.

Wong e seu júri premiaram Ken Loach, cineasta com nenhuma proximidade com a obra de Wong. Marie-Antoinette dançou, sem nenhum sinal de compaixão do júri.