free as a weird

sexta-feira, janeiro 16, 2004

Lembrando agora então que logo ao começo da transmissão, o Galvão virou e disse algo como: se o Chile vir pra cima com tudo é perigoso eles levarem uma goleada que vai frustrar completamente a torcida. Pois é, vimos que torcida ficou frustrada quando o Chile veio pra cima.

Chile 1 x 1 Brasil (Chile, 2004)


Quase que um jogo de sete erros foi essa partida entre Brasil e Chile, entre os galopeios insuportáveis do Galvão pudemos assistir como times podem se construir e depois flagelar literalmente. O técnico do Chile começou a partida dando um chute no próprio rabo: a grande virtude do Chile nas outras partidas foi justamente ter ido pra cima dos times, acuando quem é que fosse, e a opção de sair com 8 jogadores marcando na defesa foi mínimo boçal. O resultado foi que até que o técnico do Chile acordasse (o cara tirou o melhor jogador do time pra recuar!) e devolvesse o time oficial (e substituiu Villanueva machucado, o que foi bom – para o Chile, claro – porque o cara que entrou é muito melhor que ele), queimando todas as alterações (o que seria vital mais a frente), o Brasil parecia que fazia uma belíssima partida, em cima o tempo todo, mas foi um engano de deixar qualquer espectador (torcedor ou não) meio exasperado. O que viria depois desses cerca de trinta minutos meio que revelou que o time estava é em um de seus piores dias. Diego errava passes (muito curtos), Rochembach enfeitava, Dagoberto sumido, Maicon não conseguia apoiar (tão pouco Maxwell), e o único que parecia exibir de fato esforços era o Robinho, que tinha que buscar a bola no meio campo toda hora (ainda que ele exagere nas tentativas de invadir a área sem tabelar). Logo que o Chile acordou, o time desmoronou, e mesmo que o Chile não tenha tido lances de grande perigo no primeiro tempo foi aos poucos tomando completo conhecimento da defesa brasileira, que mal contra-atacava, e quando fazia errava. No segundo tempo imaginava-se que Ricardo Gomes ia acertar o time, mas o que se viu foi uma evolução daqueles quinze minutos finais – o Brasil até chegava vez ou outra, mas mal finalizava. O Chile foi dominando, um gol anulado (corretamente) foi o prenuncio de que por mais que Gomes fosse o melhor em campo pelo Brasil, não ia dar pra segurar. até a zaga brasileira que acho um tanto melhor que a do time principal falhou feio no lance do gol chileno, deixando o cara cabecear duas vezes sozinho. Como o jogo da voltas, Diego levou amarelo quando saiu do outro lado campo pra reclamar pra vigésima vez com o juiz – saiu reclamando do arbitro, que possivelmente teve como seu maior erro em campo justamente não ter expulsado Diego no lance que ocorreria logo depois – ficando de fora do jogo seguinte. O Chile tentou um pouco mais, mas antes que pudesse virar, num lance estranho (mas faltoso) teve um jogador expulso, e pouco depois seu capitão se machucou feio, mal conseguindo andar direito – logo o Chile ficou com nove jogadores e “meio”, já que não podia substituir. Era a chance de ouro do Brasil, e foi ai que tanto nos erros e falta de sangue dos jogadores brasileiros que se mostrou que o Brasil fora incapaz de contra um time totalmente debilitado mal construir lances de perigo (foram apenas dois, sendo ambos em cruzamentos bem dispersos), levando em conta também que Ricardo Gomes foi um tanto equivocado nas substituições, não conseguindo acertar o time de maneira alguma. O resultado pelo jogo visto, foi é muito bom pro Brasil, que vai pras repescagens e vai ter que torcer pra Argentina se não quiser ir pro jogo da morte contra eles. Ao fim, independente da atuação meio macabra brasileira, o jogo se construiu de forma tão esquizofrênica, que certamente foi um dos melhores momentos desse torneio, não para o torcedor eufórico é claro, mas como um espetáculo em si. Deu gosto de ver o jogo, inclusive no que havia de mais tosco e doloroso nele.

quinta-feira, janeiro 15, 2004

Alias, verdade seja dita, esse post anterior foi apenas para provar que esse blog além de cinema também fala de futebol e cerveja... mas isso é meio raro. Ainda assim prometo algo sobre Chile x Brasil.

Como eu sou picareta e enfim, estou com preguiça, estrelinhas pros jogos do pré-olimpico até aqui (os que eu vi, claro):

Chile 3 x 0 Uruguai -
Brasil 4 x 0 Venezuela -
Argentina 0 x 0 Peru -
*Chile 3 x 0 Venezuela -
*Brasil 3 x 0 PAraguai -
Argentina 2 x 1 Bolivia -
Colombia 3 x 1 Peru -
Brasil 1 x 1 Uruguai -
Paraguai 3 x 0 Venezuela -
Colombia 2 x 0 Bolivia -
Chile 3 x 2 Paraguai -

Com * os jogos que vi inteiramente em VT... ou seja, perde boa parte da emoção, mas foi visto. De forma geral, não vi os jogos do Equador, que vinha mto bem até levar um sarrafo de 5 a 2 da Argentina nessa quarta (e parece que a Argentina acordou...). Alias, o problema da Argentina tem semelhanças com o do Brasil, ambos os times tem 3 jogadores ou mais presos na Europa (no caso da Argentina o Saviola era crucial), mas enquanto Brasil se não substitui na mesma qualidade exata aguenta o tranco, a impressão que tive dos jogos da Argentina é que tudo fica em cima do Tevez, e bem, se pesassem todas as jogadas do Brasil no Diego, não iria pra frente tbem, afinal basta meter uns dois carcando o cara no campo (não se faz algo tão diferente com o Diego mesmo assim).

Primeira noite sganzerliana, gravadinha. O Cinejornal com os apelos baratos de sempre, mas com entrevistas mais recentes, e ouvir Sganzerla (e outros que ali foram entrevistados) é sempre prazeroso. O Retratos Brasileiros foi bem bom, um tanto diferente do habitual do programa, se assemelhando até a uma versão light de um filme do Sganzerla, com os audio se intercalando com as imagens, feito realmente por quem tinha noção do material e conhecia a obra do Sganzerla, e não por alguém que tava batendo ponto. E po, pela primeira vez eu vi a cara do Tonacci, hehe. Enfim, depois o Bandido e amanhã começa a maratona de filmes (devo ter que fazer umas ninjices aqui pra poder ver o jogo e gravar os filmes... mas darei um jeito).

Canibais, dos irmãos Spierig (Austrália, 2002)


Um filme pelo qual sempre nutri um grande interesse em ver, o tal Canibais não deixou de ser uma experiência no mínimo bastante incomum. Comecei a acompanhar o hype em torno do filme nos idos da finada SnE, na época em que eu ainda acompanhava bem as noticias vinculadas ao gênero, e o papo entorno do filme sempre me pareceu bem mais interessante do que por exemplo o excessivo que se ocorria em torno de House of 1000 Corpses, filme que acho no máximo interessante e olhe lá. Enfim, de um jeito ou de outro, o filme chegou no Brasil via Alpha, que lançou ele nas locadoras antes mesmo do publico americano se quer ter acesso ao filme (que é australiano), com o bisonho titulo de Canibais (o original é Undead). Na época eu até mandei e-mail para a 2001 Vídeo para que eles pegassem o filme, que na época diziam nem saber do que se tratava. Chegou bem mal distribuído nas locadoras, mas aos poucos foi aparecendo. Vi aqui finalmente.

Aos poucos fui perdendo um pouco do interesse porque comparavam demais com Fome na Animal e filmes casinha-de-brinquedo, temi que se tratasse de algo do tipo apenas (isso sobretudo surgiu na canibal). Posso dizer então que nesse aspecto superou as expectativas – o filme pode ser tachado de insano, bizarro e o caralho a quatro, mas certamente é algo que tem idéias bastante pessoais, e isso por si só já me trás um interesse bem maior entorno dele. A primeira hora soa como um encontro entre Sergio Leone e zumbis, é bastante divertido mas acaba sendo atrapalhado pelas patetices de querer criar personagens que pareçam mais bisonhos que os próprios zumbis – besteiras a parte, o que interessa em si vai sendo conduzido bem, até que chega a hora do filme começar a entrar no seu lado mais pessoal, envolvendo bizarrices e invasão alienígena, abdução, guerra, misturado com o cover do Eastwood fazendo pirueta com as armas. é tudo uma loucura tão grande e que ao mesmo tempo internamente tem toda uma certa coerência de si mesma, que mesmo sendo fácil de notar as diversas derrapadas dos cineastas, e daquelas piadinhas mal boladas (a musica que é um retrabalho bem humorado da trilha de Jurassick Park é um pé no saco), o filme não deixa de ser um bocado interessante, e me deixou um tanto curioso pra ver o que mais esses caras farão (e pode sair qualquer coisa, de tragédia a obra-prima – tá, menos, menos, hehe).