free as a weird

domingo, dezembro 12, 2004

Vendo filmes, sempre. Um clima estranho de fim de ano me abate com certo cansaço. São Paulo quase não disputando mais nada no brasileiro, nem anima uma ida ao estádio. O que tem impulsionado os últimos dias tem sido a produção-criação do filme do Bruno, meio que em ritmo alucinado, e bem, certos filminhos que de pequenos não tem nada. Principalmente A Última Missão e Os Saqueadores.

Alias, Os Saqueadores talvez seja o filme chave pra compreender em questões autorísticas os rumos do Walter Hill. O filme faz uma ponte perfeita em como o cara que fez O Limite da Traição e Ruas de Fogo viria a estar fazendo O Imbatível, sobretudo na forma de lidar com o cinema pós-anos 80. As grande-angulares e possíveis afetações estéticas do Imbatível principalmente. Os Saqueadores tem toda uma forma de dar conta de mídias modernas (algo quase O Jogador de Cartas pro Argento), o uso da câmera de vídeo incessante, o embate entre a trilha mais clássica do Ry Cooder com o hiphop, em contraste com Bill Paxton-William Sadler duelando com Ice T e Ice Cube, e observar daí surgirem somente confrontos internos um bocado explosivos (a cena da briga do Sadler com o Paxton é algo de genial na forma como é encenada, tão absurda mas também inevitável). É tudo um pêndulo meio assustador de relações, parece um filme clássico de caçadores perdidos no mundo moderno, mas se revela um mundo moderno perdido num filme de caçadores. Foda como poucos filmes do Hill.