Vamos lá, antes do Top 10 e as menções honrosas, uma saldo de 2002, e uma curiosidades hehe:
- Entre vistos e revistos: 506 filmes. (minha meta no inicio do ano passado era 500; em 2001 foram 468)
- O primeiro filme a ser visto por mim em 2002 foi
A Sociedade do Anel e o de número 500 foi
As Duas Torres, hehehe.
- o diretor mais assistido foi
Walter Hill, com 15 assistidas, seguido por John Carpenter com 10, Wes Craven com 7 e empatados Cameron Crowe, John Dahl e Wes Anderson com 6 assistidas cada.
- os filmes que mais vezes vi foram
Warriors - Selvagens da Noite e
Os Excêntricos Tenenbaums, com quatro assistidas cada.
- o último filme do ano visto foi o ainda inédito nas telas brasileiras
Halloween Resurrection, no final de tarde do dia 31/12.
- o filme a igualar a marca 468 de 2001 foi uma reassistida de
Padrinhos de Casamento, filme que eternamente defenderei.
- não sei mais o que colocar, aceito sugestões :cP
Tá, agora eu acho que já dá, hehehehe. Voi lá:
Menções honrosas (em ordem alfabética):
Assassinato em Gosford Park, de Robert Altman;
Baby Boy, o Rei da Rua, de John Singleton;
Crupiê - A Vida em Jogo, de Mike Hodges;
Dagon, de Stuart Gordon;
Homem-Aranha, de Sam Raimi;
O Imbatível, de Walter Hill;
O Império do Besteirol Contra-Ataca, de Kevin Smith;
Paixões em Nova York, de Edward Burns;
Prisioneiro das Trevas, de Corbin Timbrook e Sean Stanek;
A Última Profecia, de Mark Pellington.
Agora, o top 10:
(nota: o único não-quatro estrelas - minha cotação máxima - é o #10, que é ***1/2 - duh, óbvio - :c))
10. O Amor é Cego (Shallow Hal, 01), de Peter & Bobby Farrelly
O melhor trabalho dos Farrelly até aqui, O Amor é Cego passa como o trabalho mais maduro dos irmãos, então gerando finalmente seu primeiro grande filme - sem perder seu bom humor - inclusive estético - e eliminando um pocuo daquele exagêro que acabava por incomodar um pouco, mas mantendo e evoluindo positivamente todo o melhor lado do seu cinema já estabelecido; sem perder de maneira alguma o lado Farrelyano de se filmar, com vários daqueles elementos bizarros e hilariantes que já são normais em seus filmes, eles foram capazes de se asssegurar e fazer uso disso em prol de uma narrativa mais bem construída e não menos engraçada. Talvez o maior exemplo disto venha do personagem de Jason Alexander, que faz o melhor amigo de Jack Black - mesmo com pouco tempo em cena, eles são capazes de captar o personagem tão bem - também devido à ótima atuação de Alexander - que o momento em que Alexander finalmente revela a Black o motivo de sua frustração acaba por ser o grande momento do filme. Talvez seja sim um filme meio absurdo, mas é um belo filme-absurdo.
09. A Era do Gelo (Ice Age, 02), de Chris Wedge
Eu arriscaria dizer que A Era do Gelo é até subestimado, mesmo tendo completa noção de sua grande quantidade fãs mundo afora - mas é que simplesmente é um filme que mesmo depois de muitos elogios ouvidos, consegue ainda te surpreender, você consegue encontrar um detalhe ainda mais impressionante em sua narrativa a cada vez que você o vê, um momento ainda mais sensível, um detalhe ainda mais inacreditável, fatores que unidos fazem deste uma das grandes animações das mais recentes, sem contar ainda que até a maneira com a qual é usada os efeitos impressiona - você vê na textura de seus personagens um contraste incrível com o gelo que surge ao fundo. Além disso, inclui uma capacidade de desenvolvimento de personagens tão grande visto em pouquissímas animações (Toy Story é um exemplo muito bem sucedido nisto também).
08. Um Grande Garoto (About a Boy, 02), de Chris & Paul Weitz
Este é um caso meio controverso até pra mim. Embora grande fã de Hornby, e de toda sua obra literária até hoje lançada, senti uma grande preocupação ao ver que estaria a cargo dos Weitz sua adpatação para o cinema - embora até gostasse do trabalho deles, simplesmente não via como poderia entrelaçar-lhes com o livro - vendo o filme, vi que até o final, que parecia inimaginável de uma maneira boa nas telas, foi feito de maneira incrívelmente bem concebida. Não só uma surpresa como um prazer acima de tudo, ver que um dos meus livros preferidos, virou um puta filme. Hugh Grant assumindo o máximo de sua forma (esta é sem dúvida sua melhor atuação - e olha que sempre o achei simpático mesmo nos tempos de 9 Meses), o 'timing' comico aplicado em Um Grande Garoto é daqueles invejáveis aos melhores realizadores de comédia, adotando uma maneira de narrar que se é muito cômica não é menos impressionante em outros aspectos - a aproximação do espectador a Grant e o garoto, e entre ambos - e os personagens que lhe cruzam o caminho, todos incrívelmente bem construídos - se encaixa tão bem justamente pela maneira narrativa de recriar esta história, que se um dia foi um grande livra, se tornou um grande filme. (essas frasezinhas de efeito baratas, PQP, estão ridículas, heheehe, eu detesto fazer esses textos, sempre ficam xoxos)
(intervalo: videoclipe "Keep Fishin'" do Weezer, de Marcos Siega)
07. Os Excêntricos Tenenbaums (The Royal Tenenbaums, 01), de Wes Anderson
Apesar de achar este ainda menos bom que a obra-prima Bottle Rocket, e na mesma altura Rushmore, Os Excêntricos Tenenbaums não fica muito por baixo. Apesar de um certo maneirismo pipocar inegávelmente, é exatamente o tipo de maneirismo que no caso funciona tão bem (no caso por ser conduzido tão bem por Anderson) que não incomoda de maneira alguma. Talvez tirando o fato de Ben Stiller parecer um pouco deslcoado (não está mal, apenas menos dentro do espirito), a química entre o elenco é algo impressionante, desde o impagável Pagoda, passando pelo bizarro personagem de Bill Murray e uma Gwyneth Paltrow vista de uma forma totalmente diferente do que no passado, até o "máximo dos máximos", o verdadeiro over-the-top, a qual alcança Gene Hackman, mostrando que sua veia cômica veio infelizmente subestimada ao longo de sua longa carreira. Embora eu ainda ache que a melhor atuação seja de Luke Wilson, talvez por ser o personagem do qual eu tenha me sentido mais próximo. Da pureza aos detalhes, das frescuras ao carinho entre autor-criatura, são coisas que impressionam, e acima de tudo se combinam pra sucumbir em (sim) muita risadas, mas com bastante prazer.
06. Sinais (Signs, 02), de M. Night Shyamalan
Esse eu cheguei a fazer minímos comentários anteriormente, mas com o tempo cresceu cada vez mais. Em Sinais me parece impossível não sentir que Shyamalan dá seguimento há uma evolução de seu trabalho com o naturalismo, que vem cada vez se tornando mais evidente dentro do seu cinema. As evidências vão até do mais óbvio: até mesmo Mel Gibson consegue aqui criar a sua mais natural e mais humana atuação da carreira. O filme é estéticamente e narrativamente a cada cena mais surpreendente - acredite, gosto bastante de Corpo Fechado, mas ainda assim Sinais surpreende. Surpreende pela maneira como chega aos seu público, sem que abandone seus personagens, lhe entrelançando e o colocando junto a estes, sem os abandonar a qualquer instante - e se o final pode lhe soar forçado, ou o último plano desnecessário, é uma mera questão de análise - o final na verdade não é "espertinho", e sim uma bela sacada, tão bem sacada, que lhe soa "espertinha" - e o último plano é uma conseqüência disto, um avanço ainda mais adiante dentro do naturalismo. E melhor ainda, Shyamalan consegue fazer tudo isso sem deixar de ser também entretenimento, diversão, assustador, divertido, "dramalhão" - ora, temos até Passo Fundo no filme! Um adendo final: se alguém ainda tem dúvidas de quanto Sinais e Corpo Fechado são filmes incrivelmente próximos, observe seus protagonistas (isso também serve para Sexto Sentido) - todos marcados por percas do passado, até mesmo os flashbacks do "momento fatal" que lhe povoam as mentes ocorrem em ambos os filmes. Eu poderia descorrer paragráfos e mais parágrafos sobre Sinais, mas aqui não caberia à isso, embora merecesse.
05. O Invasor, (idem, 02) de Beto Brant
Beto Brant é um cara que parece cada vez melhor. É uma maneira de evoluir o trabalho que realmente impressiona. Se seus filmes anteriores (Os Matadores e Ação Entre Amigos) tinham muito entre si, principalmente por terem tramas um pouco mais, digamos, próximas - não que O Invasor esteja tão distante - este acaba por ter uma complexidade narrativa ainda mais bem construída. Alias, os três filmes possuem uma semelhança incrível, e até pouco comentada: seus finais são parecidíssimos. A grande evolução de Brant foi que desta vez ele foi mais além, não temeu a câmera digital e criou uma narrativa ainda mais a frente, desceu o porrete e explodiu a bomba. É acima de tudo, um cinema de bolas (hehehe). Pois creia, levar um projeto destes a frente requer mais que simples desejo. Então fica difícil comentar sem destacar a impressionante performance de Paulo Miklos, o verdadeiro monstro, o frankenstein enfúrecido em cena. Mas vai muito além de um Frankenstein. Não é um 'excluído'... é um invasor. É tranqüilamente o melhor filme brasileiro desde Estorvo, de Ruy Guerra - ainda que infelizmente eu não tenha visto Edificio Master.
04. História Real (The Straight Story, 99), de David Lynch
Talvez o filme mais "normal", por assim dizer, de Lynch, após alguns anos preso na distribuidora finalmente recebeu seu mais do que merecido lançamento este ano; se é mais "normal", é também o mais belo - não o melhor, e sim o mais belo. Desde as escolhas de enquadramento, a atuação de Richard Farnsworth - arrisco dizer que a última cena onde ele está ao lado de Harry Dean Stanton, seja uma das 20 cenas mais lindas da história do cinema. O que é curioso é que sempre achei todos os adjetivos mais imprevisiveis para o cinema de Lynch, mas jamais havia passado anteriormente a palavra "belo" antes deste filme - e apesar de ser lindo, não deixa de ser bizarro. Um dos melhores da década de 90.
03. Waking Life (idem, 01), de Richard Linklater
Uma escolha meio óbvia, eu presumo, já que embora não seja meu diretor preferido, é o único que presumo todos saberem ser dos preferidos - e Waking Life não decepcionou nem uma das minhas expectativas que vinham sendo alimentadas desde 1999, quando se começou o trabalho de Linklater com o filme. Não só o impressionante trabalho de animação, que é inevitável deixar de comentar, mas a maneira como retrata Linklater todo este conto indefinido, o risco que corre ao levar sua narrativa entre o limite da genialidade e a insanidade - até mesmo para os maiores conhecedores de seu cinema, ainda é difícil saber qual dos momentos são exatamente vistos como os de extrema genialidade e quais os da extrema banaldiade, onde Linklater nos põe a cargo de ouvir tantas opiniões e informações diferentes, nos colocando exatamente como seu protagonista, atordoados por não conseguir assimilar tanta informação recebida em tão pouco tempo... vai adiante, como um elemento "X" da prova de como a filosofia é controversa, de como não existe um "sim" ou um "não" - eu posso citar então algumas de minhas passagens preferidas: logo ao começo, no carro-barco; quando Wiley Wiggins re-encontra a menina; toda uma seqüência onde ele vai andando como um zumbi, até topar com uma mulher (é uma seqüência meio difícil de descrever); os quatro caras na rua; a seqüência com Speed LEvitch; toda a seqüência depois da primeira vez em que ele "acorda", que tem o êxtase no "super perfundo on the early eve of your day"; por fim toda a última seqüência, em especial a parte no pinball, "there's only one instant, and it's right now, and it's eternity". Devo estar esquecendo de outras partes maravilhosas, e sei que este será eternamente um filme que muita gente não conseguirá assistir inteiro - a narrativa é realmente "difícil", por assim dizer, e até mesmo os mais "cabeça-aberta" podem questionar-se - para aqueles que não temam, um delírio. "You haven't met yourself yet"...
02. Fantasmas de Marte (Ghosts of Mars, 01), de John Carpenter
Não foi o caso que senti na primeira vez que vi Fantasmas de Marte, mas sim na segunda: este é o filme que mais separa pra valer os fãs de Carpenter e os não-fãs. É um de seus filmes mais fácilmente "não-gostáveis", talvez aí você não se surpreenda em vê-lo na lista de piores de muita gente - assim como não se surpreende, se o vê na lista de melhores de muita gente. Se você não tiver qualquer atrativo pelo estilo carpenteriano, as possibilidadades de decepção são grandes; do contrário é impressionante. Bom, deixando de lado o que os outros possam vir a achar, Fantasmas de MArte é, sim, uma obra-prima - o melhor filme de Carpenter desde Eles Vivem (88), não que os filmes que estejam entre eles sejam decepcionantes, de maneira alguma; em primeiro lugar, Fantasmas de Marte é um faroeste transvestido em ficção/ação passada em marte (o velho oeste em questão), onde os fantasmas marcianos são os indios implacáveis, e nossos protagonistas os pistoleiros que os enfrentam - em vários momentos as influências (sempre vistas anteriormente) de Howard Hawks pipocam, temos o plano dos cinco andando contra a cidade vazia e deserta (literalmente, incluindo areia vermelha voando), temos até o trem! A narrativa não é diferente de nenhum dos trabalhos anteriores de Carpenter, e sim segmento deste trabalho; talvez um passo à frente em alguns aspectos até. Alias, o que me lembrou que Vampiros também é um faroeste transvestido em filme de vampiro. É difícil não citar o final (insano e) genial, os milhares de flashbakcs (em um momento entramos no flashback do flashback do flashback, pra se ter uma idéia), Ice Cube correndo atirando (hehehe), os diálogos que sim, em muitas vezes são baratos, mas também geniais... Sem contar todos os personagens tipicos carpenterianos, desde o hilário Jericho, passando por nossa protagonista (escolha curiosissima de Carpenter por Natasha Henstridge - ele teve várias atrizes teoricamente talentosas ofericadas para o papel, mas fez questão de optar por Henstridge - se seria melhor com outra eu não sei, mas está mutio bom como está), à obviamente em suma o mais tipico personagem dos filmes de Carpeneter, que é Desolation Williams, quase uma sintese carpenteriana.
01. Cidade dos Sonhos (Mulholland Drive, 01), de David Lynch
Mesmo atrasados, acabou que se tornou o ano de Lynch nas terras brasileiras - dois dos seus melhores filmes (ao lado de Coração Selvagem) chegaram aqui ambos atrasados e quase perfeitos (se não perfeitos). Cidade dos Sonhos é a personificação de um cinema em transformação, de um Lynch cada vez mais amadurecido - e não, nem por isso ele deixa de ser tão anormal (como no seu lado mais humano em História Real). Na verdade, Cidade dos Sonhos é seu filme mais selvagem. Eu disse que Cidade dos Sonhos não é um filme explicável, é um filme que se tem de ver para compreender, logo após assisti-lo pela primeira vez. E ainda insisto nisto. Por mais que eu escreva o mais longo dos textos (o que não irá ocorrer), eu jamais seria capaz de descreve-lo - eu estaria muito mais perto é de arruina-lo. Então vou ser curto mesmo quando o assunto é Cidade dos Sonhos - é o melhor filme em mais de uma década a ter seus olhos batidos por mim. E seria injusto de minha parte atrapalhar aqueles que ainda não tiveram o prazer de vê-lo com devaneios perdidos. Pra concluir: Naomi Watts rules :cP
É, acho que é isso. Não fiz lista de piores, geralmente não tenho paciência pra ficar fazendo lista de piores, mas talvez eu a faça se eu não tiver o que fazer, hehehe. Valeu.