Depois de umas temporadas sem ver os filmes que ganhavam o Oscar, voltei do mundo das sombras. Dos indicados da edição anterior a mais recente, eu não vi apenas o vencedor, mas por coincidência do que por qualquer outra coisa. Dos que vi, não gosto de Moulin Rouge e Entre Quatro Paredes (menos do segundo), gosto de Gosford Park (sem maiores entusiasmos), e acho das algo de simpático. Uma Mente Brilhante acabou não sendo visto. Começava o dilema (no ano anterior eu havia visto todos). Na edição mais recente, eu só vi no cinema As Duas Torres, que fica na mesma do primeiro filme. Entrou a fase em que em mal tava indo no cinema, e perdi tudo. No entanto, faz-se a volta, e chegam os grandes DVDs. Em agosto vi Gangues de Nova York (belo), em setembro O Pianista (gostei bastante), e agora finalmente vi Chicago. As Horas eu vejo quando passar num telecine da vida, e olhe lá, se coincidir de eu estar em Cuiabá quando passar (aqui em SP não temos), outro filme do Stephen Daldry me parece difícil de descer.
Introdução modorrenta terminada, vamos ao que interessa. Não que eu tenha achado Chicago algo de demais, mas acho que desde de Titanic eu não pude dizer “gostei” pra um vencedor do Oscar, como aqui. Os do meio do caminho (Beleza Americana, Shakespeare Apaixonado) não detesto, mas só. Um dos aspectos mais interessantes de Chicago, é a idéia que o filme faz da picaretagem – o único personagem do filme com espaço que realmente é “limpo”, é o do John C. Reilly, e bem, o filme mostra ele como um bobão. De resto, todos os personagens são as suas devidas maneiras, picaretas. Claro, o único Daniel Caetano por lá é o Richard Gere (que por sinal está genial), de certa forma porque os outros são personagens que apesar de picaretas, não têm tanto gosto pela coisa. Tanto é, que quando seu personagem entra em cena, passa a ser o combustível do filme, que até ali não era grande coisa. As coreografias são boas, mas não há nada de espetacular ou inovador, algo que chamasse mais a atenção (embora sejam muito mais bem filmadas que as de Moulin Rouge, que eram por sua vez mais ousadas). De certa forma elas são competentes, mas em diversos momentos suas incursões me incomodavam um pouco, geralmente vindas da cabeça da Zellweger. Alias, um dos melhores atos, é o segundo, acho, onde ela começa se “declarando” ao marido, até que ele percebe que ela estava traindo ele e confessa que ela matou o cara, e ela vai reagindo dentro do ato; é um dos poucos que funciona mais interessantemente em prol do filme, mas enfim. Acho que o filme têm alguns problemas de ritmo, e que por mutias vezes o Rob Marshall demonstra que é incapaz de escapar do roteiro (que é bom, até porque neste caso especifico, talvez se não fosse a coisa poderia ficar preta, devido a dependência; o roteirista, Bill Condon, teria certamente feito um filme melhor – mantendo o Marshall como coreógrafo, claro). O filme é consideravelmente melhor quando se concentra na comédia, e por mais de uma vez começa a cair, sempre reengranando quando o Gere entra em cena. Enfim, é bom, mas fica por aí. ***