free as a weird

terça-feira, dezembro 07, 2004

Bastante estranho uma sessão em plena segunda no Bristol estar tão cheia – não chegou a lotar, mas não estava tão longe. Tá certo que a propaganda em torno do Expresso Polar vem desde o primeiro semestre, mas ainda assim é estranho (até porque já está em cartaz desde a última semana do mês passado). É um bom sinal pessoas indo ao cinema, é claro, mas é estranho do mesmo jeito. Pode ser princípio de férias, mas o público da sala não parecia colegial; pode ter um bocado a ver com o Bristol ser um dos poucos lugares onde você pode ver esse filme legendado em qualquer horário do dia, mas sei não. O filme é melhor do que eu andava esperando, mesmo gostando do Zemeckis, os comentários sobre o filme apontavam certas coisas que eu acreditava que ele poderia ter colocado num filme sem me agradar nem um pouco – nada tão drástico. O filme tem seus muitos problemas, sobretudo ideológicos, mas Zemeckis ainda consegue tirar cinema dessas coisas, mesmo que aos trancos e barrancos. Além de que estas técnicas de se filmar muito da ação já enquadrando e então transformar em animação dão uma perspectiva interessante ao CGI, já que quebra um lado mais mecânico sem abandonar várias possibilidades de se manipular imagem que abre o processo. Acho que Zemeckis trabalha bem o miolo do filme, mesmo com todo um lenga lenga bem desinteressante acompanhando. Todavia, convenhamos, overdose de Tom Hanks é meio amedrontador. Mais do que papai noel.

Agora, cinema é de certa forma a arte do “make believe” – nesse sentido, O Expresso Polar é bem fraco, no que Febre de Juventude é um grande filme.

Algumas coisas vistas recentemente. Outro suposto novo projeto do Carpenter ronda a internet; a bola da vez envolve casa assombrada. Bom, já tá dando quatro anos desde Fantasmas de Marte... Algumas entrevistas do Carpenter deixam cada vez mais a impressão de que enfim ele tomou o rumo que Romero fez já há uns bons muitos anos, de ruptura com o sistema. Torcer pra que desta vez não seja outro projeto que não saia, como tantos outros que estiverem em rumores nos últimos anos... Sei lá, sempre preocupado. Acho muito bom em certo sentido parte destes rumos, mas assustador também, já que a possibilidade de não haver mais filmes do Carpenter sendo feitos é a verdadeira não-imagem de um “fin de cinéma”....